sábado, 12 de dezembro de 2009

DESTRUINDO ALICERCES LENDÁRIOS


O atual estágio do conhecimento científico relativo ao universo, e devido ao seu tamanho tão imenso, impossibilita o cálculo de sua dimensão, pois ainda não se sabe ao certo os seus limites. Do que se tem apropriação até o momento é que o Universo subdivide-se em aglomerado de galáxias, que se subdivide em grupo de galáxias, que se subdivide em galáxias, que se subdivide em sistemas solares, que contém corpos celestes (como estrela, planetas, asteróides...).
Dentre os planetas, existe o planeta Terra, que é composto por Natureza Vegetal e Natureza Animal (humanos e animais). A humanidade, um paradoxo, devido ás descobertas, invenções, raciocínios, colocam-se como transcendentes ao meio em que sobrevive (vive sobre o meio). Eu disse paradoxo, por que o homem com sua discrepância coloca-se como um animal racional, sentimental, sendo isto o que os difere dos demais animais. No entanto, este mesmo homem diante da plenitude do universo coloca-se no centro como um referencial de vida, onde considera-se como os únicos a povoarem (além dos animais irracionais) toda essa extensão, sem pensar que não passa de uma pequena e fugaz partícula que compõem o mesmo. E eu disse vive sobre o meio já que o homem (animal racional, sentimental, inteligente) usufrui dos demais grupos (vegetal e animal irracional) vetando na maioria das vezes sua vida natural.
Em relação à Natureza Vegetal sabemos que esta não possui sistema nervoso como nos demais animais (racionais e irracionais), portanto não pensam e não sentem. Já os animais irracionais possuem além do sistema nervoso, partes significativas do DNA igual e em alguns casos quase parecidos com o do homem, o que os fazem seres semelhantes. Ambos possuem SIM sentimentos e inteligência, mas o homem ainda assim coloca-se em um pedestal quanto ao termo inteligência, enumera-se aqui diversas obras, descobertas, invenções, construções...Completando o termo paradoxo já citado, o homem não deixa de ser talvez o menos inteligente também, já que destrói a própria natureza para "sobre-viver" ao invés de viver com a natureza, enumera-se aqui aquecimento global, destruição da flora e fauna, racionamento de energia e de água...
É nítido o fato de que para haver uma vida com qualidade e inclusive é questão de sobrevivência que haja um equilíbrio entre as 3 esferas: animal, humanidade e natureza, “somos todos parte de uma coisa só! O contraste de nossas descobertas e inteligência com a nossa ignorância em relação à Natureza é brutal” diz Daniele Suzuki. O homem aproveita-se de sua condição para se sobressair aos demais utilizando-se de sua força e da dita inteligência, desmatando sem limites a natureza e matando sem piedade os animais.
Diante desse panorama existe o condicionamento histórico e cultural, onde coloca o homem diante de uma esfera de conceitos que acabam integrando seus valores e direcionado suas atitudes, Sartre chamaria isso de facticidade, nascemos em um lugar, em uma cultura, que não escolhemos, porém escolhemos permanecer nela ou não. Crescemos e vivemos em uma cultura e em um período histórico onde se alimentar de animais é oficio, cria-se então diversos mitos acerca dessa idéia tão fugaz, onde grande parte da humanidade está condicionada a acreditar, seja lá pela religião, pela mídia, pelo que for, que os animais nasceram para tal propósito, alimentar os humanos, o grandes, os inteligentes (e isso não tem nada a ver com a existência ou não de um Deus). Se matamos uns, por que gostamos tanto de outros? Ama-se um gato, um cachorro, um passarinho, mas mata-se um boi, um porco, um peixe. A que chamar isso se não de meros valores e costumes culturais transmitidos de geração em geração? Se um homem nascesse isento dos valores da sociedade moderna ele mataria outro animal a não ser por pura sobrevivência? Ele se consideraria superior a toda a natureza?
Essa reflexão mostra o quão estamos cercado de valores vetados aos quais nos prendemos e conseqüentemente nos tornamos alienados, alienados SIM, por que usamos desses artifícios para justificar nossas ações.“Comemos carne por que precisamos sobreviver", "toda nossa história foi assim", "nosso organismo se tornará deficiente diante da falta de proteínas animais", "os animais foram feitos pra isso", "já me acostumei agora não tem como parar”. A lei natural é sim comer por sobrevivência como os leões comem suas presas. Mas nós, seres de uma "certa inteligência", temos outras opções. Podemos escolher, até por nós mesmos, uma alimentação melhor, mais saudável(Daniele Suzuki), mas o homem insiste em usar das velhas âncoras herdadas.
“É fácil criticarmos os preconceitos de nossos avós, dos quais os nossos pais se libertaram. Mais difícil é nos distanciarmos de nossas próprias crenças, de modo que possamos identificar imparcialmente os preconceitos dentre as crenças e valores que adotamos” (Peter Singer).
“Os animais do mundo existem por suas próprias razões. Eles não foram feitos para o uso dos humanos, da mesma forma que os negros não foram feitos para o uso dos brancos e nem as mulheres foram feitas para o uso dos homens” (Alice Walker).

(Autor Universo Paralelo)

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

MANDALAS


Presentes nas rosáceas dos suntuosos vitrais coloridos das milenárias catedrais européias, nos misteriosos calendários maias, nos mais longínquos monastérios tibetanos onde servem de suporte à meditação, no yoguismo tântrico como instrumento de contemplação, as mandalas são também encontradas nas mais antigas inscrições e desenhos da humanidade. A palavra “MANDALA”, no velho sânscrito, significa “o centro”, “o círculo mágico”, “o mistério”.
As mandalas são diagramas circulares e esféricos. É um dos maiores símbolos da experiência humana. Ela é a passagem de um estado para outro, ou seja, do material ao espiritual.
Na Psicologia Moderna, o célebre psicólogo C. G. Jung, criador da Psicologia Analítica, ao estudar as mandalas orientais e sua utilização como instrumento acabou descobrindo o efeito de cura que elas exerciam sobre ele mesmo. Após anos de pesquisa e aprofundamento no conhecimento do psiquismo humano, ele passou a utilizar a construção de mandalas como método psicoterapêutico e um círculo mágico que representa simbolicamente o Eu ou Self – arquétipo da Unidade Interior.
Diz Jung: [...] as mandalas não provêm dos sonhos, mas da imaginação ativa [...] As mandalas melhores e mais significativas são encontradas no âmbito do budismo tibetano [...] Ela ajuda a concentração, diminuindo o campo psíquico circular da visão, restringindo-o até o centro.
Ao construir uma mandala, a pessoa expressa a sua criatividade, reinventando-se e reconstruindo-se na direção de um novo e significativo todo. Basta que observemos a natureza para identificá-las sob todas as formas, tamanhos e coloridos:
FORMAS
CIRCULO: Representa a perfeição divina e perpetuidade de Deus. O círculo ou disco é emblema de tipo solar. Junto à roda e à esfera, simboliza também o dinamismo psíquico.
QUADRADO: Seus lados representam os elementos da natureza (água, fogo, terra e ar) ou os quatro pilares da sabedoria humana (ciência, religião, filosofia e arte).
CRUZ: união dos opostos: o eixo vertical (masculino) e o eixo horizontal (feminino). Para os cristãos o “crucificado” como mortal, renasce como imortal. Na simbologia rosa-cruz, evoca os quaro reinos da natureza.
ESPIRAL: simboliza o processo evolutivo do universo é a relação entre a unidade e a multiplicidade, entre o centro e o círculo.
PENTAGRAMA: Símbolo de Vênus, rege o feminino. Alguns desenhos demonstram o “período sinódico” de Vênus que dura 8 anos, ou seja, é o tempo que um planeta leva para retornar a uma mesma posição em relação ao sol. Proporciona um estado de reflexão e equilíbrio.
FLOR: Representa os “centros energéticos espirituais”, os chacras.
OM: Sílaba sânscrita, aquilo que lhe protege, lhe abençoa, é um mantra onde suas vibrações atingem o do topo da nossa cabeça e purifica nossos pensamentos e contemplações, para restabelecer a nossa consonância com a essência do nosso mundo.

SOL: Simboliza o Ser Real Interno de cada homem, da vitalidade, da vontade e dos sentimentos nobres como a lealdade, também representa o Deus criador.
YIN-YANG: Símbolo chinês da distribuição dual das forças universais, compreendendo o princípio ativo masculino (Yang) e o feminino ou passivo (Yin), positivo e o negativo onde o positivo não vive sem o negativo e vice e versa, preto e branco, bem e mal.

FLOR DE LÓTUS: Lótus é o símbolo da expansão espiritual, do sagrado, do puro. Olhada com respeito e veneração pelos povos orientais, ela é freqüentemente associada a Buda, por representar a pureza emergindo imaculada de águas lodosas.
CORES
PRETO: filosofia, reflexão, favorece o ocultismo.
MARROM: ligado à terra, sólido, confiante, ajuda a refrear extravagâncias.
ROSA: os prazeres e dores experimentados no corpo físico
VERMELHO: O vermelho intenso indica uma sensibilidade exacerbada. Por exemplo: pessoa dominada por paixões e emoções fortes, com total incapacidade de dominar a psique. sexualidade , princípio ativo.
AZUL: relaxamento, suavidade e paciência. Para Jung, o azul “significa altitude e profundidade.
AMARELO: ativadora da mente e energizante, poder doador de vida.
VERDE: cura e saúde, renovação cíclica.
LILÁS: elevação espiritual, bondade e harmonia.
LARANJA: fim de ciclo , amadurecimento da meia-idade.
BRANCO: A cor que é a junção de todas as cores existentes na natureza. Representa a explosão de energia equilibrada funcionando como transformadora de qualquer desequilíbrio energético, muito usada para energização de pessoas com depressão e falta de coragem para começar algo. Purifica e equilibra o indivíduo e o ambiente. Bom para qualquer ambiente e negócio.


(Autor Universo Paralelo)

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

A MASSACRANTE FELICIDADE DOS OUTROS


Ao amadurecer, descobrimos que a grama do vizinho não é mais verde coisíssima nenhuma.
Estamos todos no mesmo barco.
Há no ar um certo queixume sem razões muito claras.
Converso com mulheres que estão entre os 40 e 50 anos, todas com profissão, marido, filhos, saúde, e ainda assim elas trazem dentro delas um não-sei-o-quê perturbador,algo que as incomoda, mesmo estando tudo bem. De onde vem isso?
Anos atrás, a cantora Marina Lima compôs com o seu irmão, o poeta Antonio Cícero, uma música que dizia: "Eu espero/ acontecimentos/ só que quando anoitece/ é festa no outro apartamento". Passei minha adolescência com esta sensação: a de que algo muito animado estava acontecendo em algum lugar para o qual eu não tinha convite. É uma das características da juventude: considerar-se deslocado e impedido de ser feliz como os outros são, ou aparentam ser. Só que chega uma hora em que é preciso deixar de ficar tão ligada na grama do vizinho.
As festas em outros apartamentos são fruto da nossa imaginação, que é infectada por falsos holofotes, falsos sorrisos e falsas notícias. Os notáveis alardeiam muito suas vitórias, mas falam pouco das suas angústias,revelam pouco suas aflições, não dão bandeira das suas fraquezas, então fica parecendo que todos estão comemorando grandes paixões e fortunas, quando na verdade a festa lá fora não está tão animada assim.
Ao amadurecer, descobrimos que a grama do vizinho não é mais verde coisíssima nenhuma. Estamos todos no mesmo barco, com motivos pra
dançar pela sala e também motivos pra se refugiar no escuro,
alternadamente. Só que os motivos pra se refugiar no escuro raramente são divulgados.
Pra consumo externo, todos são belos, sexy’s, lúcidos, íntegros, ricos,sedutores. "Nunca conheci quem tivesse levado porrada; todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo". Fernando Pessoa também já
se sentiu abafado pela perfeição alheia, e olha que na época em que ele escreveu estes versos não havia esta overdose de revistas que há hoje, vendendo um mundo de faz-de-conta..
Nesta era de exaltação de celebridades - reais e inventadas – fica difícil mesmo achar que a vida da gente tem graça. Mas tem. Paz interior, amigos leais, nossas músicas, livros, fantasias, desilusões e recomeços, tudo isso vale ser incluído na nossa biografia. Ou será que é tão divertido passar dois dias na Ilha de Caras fotografando junto a todos os produtos dos patrocinadores? Compensa passar a vida comendo alface para ter o corpo que a profissão de modelo exige? Será tão gratificante ter um paparazzo na sua cola cada vez que você sai de casa? Estarão mesmo todos realizando um milhão de coisas interessantes enquanto só você está sentada no sofá pintando as unhas do pé?
Favor não confundir uma vida sensacional com uma vida sensacionalista.


As melhores festas acontecem dentro do nosso próprio apartamento.


(Autora Martha Medeiros)
Gaúcha, 44 anos, jornalista e poeta.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

“Nem foi tempo perdido, somos tão jovens” afinal “O tempo não para”


Após ler um atroz e-mail com o titulo Cazuza X psicóloga, onde o ídolo foi no mínimo baleado pela mesma, fui atrás dos comentários postados, e o que encontrei foi uma guerra de comentários. De um lado conservadores e alienados aplaudindo a infeliz psicóloga, do outro, os fãs e críticos da sociedade moderna defendendo e aclamando o eterno Cazuza.
Através do duelo, inúmeros internautas fizeram grandes comentários e referências a respeito do papel de Cazuza nos anos 80 e 90, não podendo deixar de fora a interferência do grande Renato Russo.
Agenor de Miranda Araújo Neto e Renato Manfredini Júnior não fizeram apenas sucesso e conquistaram milhares de fãs pelo mundo nos anos 90, Cazuza e Renato foram muito mais que isso, foram denunciadores, poetas, revolucionários. Em suas explêndidas letras colocavam o dedo na cara de políticos, e o público que os admiravam colocavam o dedo junto, na cara do conservadorismo. Causavam grande impacto em suas musicas como Brasil, Ideologia, Que país é este, Geração Coca-Cola, entre outras. Vi algum comentário dizendo que Renato só possuía letras melancólicas e sobre drogas, quem sabe esse era o meio de gritar num país tão medíocre. Essa era uma semelhança entre os dois reis, letras onde retratavam além da política e da forma sob a qual as pessoas vivem impostamente, o mundo das drogas e do sexo.
Acho que isso fica claro na música “A Vaca” onde Cazuza fala: “Eu sou da geração do desbunde. Nunca tive saco pra milico, desfile, gente com medo. Todo mundo ficava parado, mudo, anestesiado. Não dava pra fingir que não tinha nada. Pra mudar alguma coisa, a gente teve que gritar, se drogar. Ir pra rua, enfrentar nossa própria fraqueza. Era uma maneira de não se render, e não ficar careca, careta.
Um aspecto incomum encontrado foi a forma como cada um encarou a luta pela AIDS, muitos falam que Cazuza deu a cara pra bater assumindo publicamente sua doença sem nenhum pudor ou falso moralismo, isso ninguém pode negar, talves pela forma descoberta, ja que Cazuza descobriu quando foi internado com suspeita de pneumonmia e Renato desconfiou que era portador e contou somente à família e amigos próximos, preferiu sofrer sozinho e em silêncio. Mas é claro que isso não dignifica um mais que o outro. Renato e Cazuza tinham sim obviamente suas diferenças, mas o espirito revolucionário, as lutas e as experências os entrelaçavam.
Cazuza tinha dito a Zeca que queria assistir ao show da Legião Urbana no dia seguinte. Renato Russo, no dia 07 de julho, dia da morte e sepultamento de Cazuza, dedicou o show a ele”. À noite, no Jockey Club Arena do Rio de Janeiro, Renato entrou no palco com a sua banda e disse: “Eu quero falar algumas coisas aqui. Eu vou falar de mim. Eu tenho mais ou menos 30 anos, sou do signo de Áries, eu nasci no Rio de Janeiro, eu gosto da Billie Holliday e dos Roling Stones, eu gosto de beber pra caramba de vez em quando, também gosto de milkshake. Eu gosto de meninas, mas eu também gosto de meninos. Todo mundo diz que eu sou meio louco. Eu sou cantor numa banda de rock’n roll. Eu sou letrista e algumas pessoas dizem que eu sou poeta. Agora eu vou falar de um carinha. Ele tem 30 anos, ele é do signo de Áries, ele nasceu no Rio de Janeiro, ele gosta da Billie Holliday e dos Rolling Stones, ele é meio louco, ele gosta de beber pra caramba. Ele é cantor numa banda de rock, ele é letrista, e eu digo: ele é poeta. Todo mundo da Legião gostaria de dedicar esse show ao Cazuza”.
As criticas em torno de Renato Russo são muito além de ser um usuário de drogas e portador de soro positivo, pois a má influência sobre os jovens é imensa.
Mas só quem tem a sensibilidade para ouvir suas canções e compreender suas intensas mensagens sabe o que ele significava, como diz Dinho Ouro Preto, ele era um guru. Guru é empregado para indicar um professor sabio, alguém que possui um profundo entendimento da alguma linha filosófica e que tenha seguidores, e legionários Renato tem de sobra.
Pra mim ele foi praticamente um analista que ia a fundo em suas canções, e ao transferir o que estava sentindo pra elas acabava tocando no que eu estava vivendo, pois com sua profundidade e transparência o Renato passou a pertencer ao meu mundo como um melhor amigo a quem eu recorria quando outros não me entendiam, não me deixando sentir sozinha. O que estava dentro dele também fazia parte de mim, em um certo nível, a afinidade com que eu encontrava em suas letras me traziam novos questionamentos e muitas vezes traziam-me mudanças, e é nesse sentido que digo sobre o papel de analista que o Renato teve em minha vida, ele me propunha inúmeros questionamentos construtivos, minha relação com ele tratava-se do que Freud denomina de uma "transferência simbólica".

E todo mundo fala nos músicos dos anos 80... e o interessante disso é que Cazuza e Renato não são só dos anos 80... são pra sempre.”


(Autor Universo Paralelo)