quinta-feira, 26 de novembro de 2009

“Nem foi tempo perdido, somos tão jovens” afinal “O tempo não para”


Após ler um atroz e-mail com o titulo Cazuza X psicóloga, onde o ídolo foi no mínimo baleado pela mesma, fui atrás dos comentários postados, e o que encontrei foi uma guerra de comentários. De um lado conservadores e alienados aplaudindo a infeliz psicóloga, do outro, os fãs e críticos da sociedade moderna defendendo e aclamando o eterno Cazuza.
Através do duelo, inúmeros internautas fizeram grandes comentários e referências a respeito do papel de Cazuza nos anos 80 e 90, não podendo deixar de fora a interferência do grande Renato Russo.
Agenor de Miranda Araújo Neto e Renato Manfredini Júnior não fizeram apenas sucesso e conquistaram milhares de fãs pelo mundo nos anos 90, Cazuza e Renato foram muito mais que isso, foram denunciadores, poetas, revolucionários. Em suas explêndidas letras colocavam o dedo na cara de políticos, e o público que os admiravam colocavam o dedo junto, na cara do conservadorismo. Causavam grande impacto em suas musicas como Brasil, Ideologia, Que país é este, Geração Coca-Cola, entre outras. Vi algum comentário dizendo que Renato só possuía letras melancólicas e sobre drogas, quem sabe esse era o meio de gritar num país tão medíocre. Essa era uma semelhança entre os dois reis, letras onde retratavam além da política e da forma sob a qual as pessoas vivem impostamente, o mundo das drogas e do sexo.
Acho que isso fica claro na música “A Vaca” onde Cazuza fala: “Eu sou da geração do desbunde. Nunca tive saco pra milico, desfile, gente com medo. Todo mundo ficava parado, mudo, anestesiado. Não dava pra fingir que não tinha nada. Pra mudar alguma coisa, a gente teve que gritar, se drogar. Ir pra rua, enfrentar nossa própria fraqueza. Era uma maneira de não se render, e não ficar careca, careta.
Um aspecto incomum encontrado foi a forma como cada um encarou a luta pela AIDS, muitos falam que Cazuza deu a cara pra bater assumindo publicamente sua doença sem nenhum pudor ou falso moralismo, isso ninguém pode negar, talves pela forma descoberta, ja que Cazuza descobriu quando foi internado com suspeita de pneumonmia e Renato desconfiou que era portador e contou somente à família e amigos próximos, preferiu sofrer sozinho e em silêncio. Mas é claro que isso não dignifica um mais que o outro. Renato e Cazuza tinham sim obviamente suas diferenças, mas o espirito revolucionário, as lutas e as experências os entrelaçavam.
Cazuza tinha dito a Zeca que queria assistir ao show da Legião Urbana no dia seguinte. Renato Russo, no dia 07 de julho, dia da morte e sepultamento de Cazuza, dedicou o show a ele”. À noite, no Jockey Club Arena do Rio de Janeiro, Renato entrou no palco com a sua banda e disse: “Eu quero falar algumas coisas aqui. Eu vou falar de mim. Eu tenho mais ou menos 30 anos, sou do signo de Áries, eu nasci no Rio de Janeiro, eu gosto da Billie Holliday e dos Roling Stones, eu gosto de beber pra caramba de vez em quando, também gosto de milkshake. Eu gosto de meninas, mas eu também gosto de meninos. Todo mundo diz que eu sou meio louco. Eu sou cantor numa banda de rock’n roll. Eu sou letrista e algumas pessoas dizem que eu sou poeta. Agora eu vou falar de um carinha. Ele tem 30 anos, ele é do signo de Áries, ele nasceu no Rio de Janeiro, ele gosta da Billie Holliday e dos Rolling Stones, ele é meio louco, ele gosta de beber pra caramba. Ele é cantor numa banda de rock, ele é letrista, e eu digo: ele é poeta. Todo mundo da Legião gostaria de dedicar esse show ao Cazuza”.
As criticas em torno de Renato Russo são muito além de ser um usuário de drogas e portador de soro positivo, pois a má influência sobre os jovens é imensa.
Mas só quem tem a sensibilidade para ouvir suas canções e compreender suas intensas mensagens sabe o que ele significava, como diz Dinho Ouro Preto, ele era um guru. Guru é empregado para indicar um professor sabio, alguém que possui um profundo entendimento da alguma linha filosófica e que tenha seguidores, e legionários Renato tem de sobra.
Pra mim ele foi praticamente um analista que ia a fundo em suas canções, e ao transferir o que estava sentindo pra elas acabava tocando no que eu estava vivendo, pois com sua profundidade e transparência o Renato passou a pertencer ao meu mundo como um melhor amigo a quem eu recorria quando outros não me entendiam, não me deixando sentir sozinha. O que estava dentro dele também fazia parte de mim, em um certo nível, a afinidade com que eu encontrava em suas letras me traziam novos questionamentos e muitas vezes traziam-me mudanças, e é nesse sentido que digo sobre o papel de analista que o Renato teve em minha vida, ele me propunha inúmeros questionamentos construtivos, minha relação com ele tratava-se do que Freud denomina de uma "transferência simbólica".

E todo mundo fala nos músicos dos anos 80... e o interessante disso é que Cazuza e Renato não são só dos anos 80... são pra sempre.”


(Autor Universo Paralelo)